
” Era inverno. Jesus passeava no templo, no pórtico de Salomão. ” João 10.23
Quem diria, Jesus passeando! Tenho certeza que muito crente teria dificuldade para acreditar nisso se não estivesse na bíblia!
É que a gente pensa no ” super Jesus ” e não em Jesus de Nazaré, o filho do homem, alguém que não é de ferro, que passeia, que têm necessidade do lúdico, do belo, do descanso. Aliás, pelo menos uma outra vez, a bíblia fala de Jesus em busca do descanso, está em Lucas 9, Jesus decidiu ir descansar em Betsaida. É verdade de que não deu certo, ele acabou tendo que multiplicar pães e peixes, mas, que queria descansar, é certo.
De fato, eu não sei por que a gente tem tanto problema com lazer, a fé cristã e a fé do descanso! Fé cristã não é para quem quer trabalhar é para quem quer descansar. Hebreus 4.3 disse que nós, os que cremos, entramos no descanso. Viver em Cristo é viver em lazer, porque a gente descansa das nossas obras e passa a desfrutar das obras de Cristo, a começar não é mais a gente que vive, mas, é Cristo que vive em nós (Gálatas 2. 20). Cristo já fez tudo e a gente desfruta isso. Para nós todo o dia é sábado. Por isso a discussão não faz sentido. Estamos melhor que Israel, eles tinham que trabalhar seis dias e guardar um, nós não temos de trabalhar dia nenhum, é só descansar. O problema é que a gente ainda não aprendeu a transformar tudo em lazer.
Lazer é parar para ver.
O mundo não pára, por isso, não presta atenção nas pessoas, nos detalhes, na beleza da criação e na criação da beleza. Lazer é desfrutar cada minuto, e a gente só desfruta o minuto que valoriza. É saborear, e a gente só saboreia se presta atenção. Tem de prestar atenção com os olhos, a cor, a forma, falam muito. Tem de prestar atenção com o nariz, o olor, o perfume inebriam. Temos de prestar atenção com a língua, o sabor encanta. Tem de prestar atenção com o toque que faz perceber a maciez. Ter de prestar atenção! Interessante é que passar a prestar atenção não é parar de fazer, é envolver-se no fazer, envolver-se fazer transforma tudo em lazer. Esse envolvimento faz todo dia virar sábado e o sábado virar todo o dia.
Mas, esse negócio de sábado não é para adorar ao senhor? E, por ventura, adora o senhor quem não o adora todo o dia o dia todo? E tem jeito de adorar o criador senão por meio da criatura? Só sabe aplaudir a criatura quem aprendeu a aplaudir o criador. E só aplaude o criador quem aplaude a criatura; por isso que o segundo mandamento, semelhante ao primeiro é: ” amarás o teu próximo como a ti mesmo ” (Mateus 22.31). Lazer não é apenas sorrir, é também chorar; como aquele trabalhador que operava uma moto o niveladora, que levantou-se pela manhã sabendo que tinha de ir derrubar uma casa num terreno, cuja posse havia sido reintegrada e, ao chegar lá, deparou-se com família desalojada, sentada na calçada da casa, por não ter para onde ir, chorando. O maquinista parou a máquina e, parado, começou a chorar com eles, recusando-se a prosseguir; resistiu à pressão policial, a imprensa noticiou, a opinião pública tomou posição, a justiça e reviu a decisão. O lazer triunfou. O mesmo lazer vivido por Jesus quando, depois de falar com a samaritana, exclamou: ” minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou. ” Lazer é viver todas as emoções e arrazoados pertinentes a cada momento. Lazer é viver e sentir-se vivo, é experimentar o sentido de cada coisa e dar a cada coisa sentido. Aí, o fim de semana passa a ser lazer com os que só se pode encontrar direito nesse dia. Pode ter radicalidade ou quietude, mas será sempre comunhão, com o criador, com as criaturas, consigo mesmo. Fora disso, tudo não passa de enfado.
Retirado do site: http://ariovaldoramos.com.br/blog/?p=20
Deus Abençoe
Joaze Lima
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