quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A triste realidade

Não tenho medo de seres espirituais. Tenho medo do homem, e do que ele pode fazer.

Agredir uma mãe,
Negar um filho,
Trair um ente,
Matar um semelhante,
Julgar pelas roupas,
Odiar pela cor,
Invejar por um objeto,
Mentir por conveniência,
Destruir para conquistar,
Colecionar cabeças na parede, peles como tapetes,
Ser indiferente pela religião,
Ofender para se sentir melhor...

É mesmo um ser medonho, bestial, assustador...
Só alguém tem coragem de amar um ser assim como Eu: Jesus de Nazaré.
Mais do que isto, veio ao mundo para mostrar que este não é o ser que Deus criou. Ele Jesus é o modelo da humanidade projeto inicial divino.
O ser humano se afastou de Deus, e se tornou nisto.
É necessário voltar,
É preciso voltar,
Olhar para Jesus e dele fazer inspiração para ser mais e melhor!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Retratos de Deus

Tirar fotografias é algo muito interessante e que particularmente gosto muito. Não sou não das antigas, mas lembro com nostalgia dos tempos das máquinas que tinham os filmes com quantidade de fotos e que entre uma foto e outra tínhamos que girar um dispositivo para preparar o filme para a próxima posição. Cada dia mais a fotografia têm sido utilizada e as tecnologias vêm avançando rapidamente já sendo possível tirar fotografias com o áudio do momento. E o desejo de todos é publicar nas redes sociais seus recortes da realidade impressa no retrato.
A característica básica do retrato é ser um recorte. Uma pausa no tempo daquela realidade vivida ou presenciada de forma a ser eternizada em uma imagem. Logicamente um retrato não consegue traduzir tudo o que está naquela realidade histórica, nem muito menos ser completamente fiel com a verdade do que está acontecendo em ao vivo. A fotografia é também um ponto de vista escolhido pelo fotografo que seleciona o que quer ressaltar daquele instante vivido. É uma perspectiva.
Albert Einstein é um homem famoso e notório da história da humanidade. A partir deste famoso retrato (1951 - fotógrafo Arthur Sasse) poderíamos dizer que ele é uma pessoa extrovertida, alegre, descontraída, afinal, é isto que a imagem nos transmite. Mas não podemos a partir desta imagem, fazer uma leitura total e íntegra da personalidade de Einstein. Não sabemos os pormenores deste momento e desta pose, dada, provavelmente não natural, ao fotógrafo.
Vemos isto acontecer com muita frequência nas imagens, nos retratos de Deus relatados na Bíblia. A cada autor, ou a cada espaço de tempo, de cultura e de realidade histórica dos autores bíblicos, um retrato de Deus é formado e com este as impressões do autor sobre Deus são dadas e descritas. Logicamente não temos nos relatos bíblicos imagens como a do exemplo dado, as imagens são dadas na escrita e no decorrer da história bíblica. A grande dificuldade é o não entendimento desta possibilidade e a comum prática de se escolher um ou outro retrato deste Deus, a partir da perspectiva de algum autor e ditá-la como exclusiva e perfeita leitura de Deus. Devendo ser aplicada, seguida e organizada dentro dos ritos religiosos para melhor acesso e benevolência a Deus, já que o conhecemos, sabemos como lidar com Ele.
É bem possível que no início da Bíblia, nos tempos da criação, o retrato que os israelitas fizeram para descrever Deus, foi pautada na imagem dos faraós egípcios, imperadores da Assíria e Babilônia. Homens cruéis, reis absolutistas que detinham todo o poder de vida e morte, criar ou abolir leis. Deuses que mandavam matar apenas por não gostar de alguma apresentação feita a eles, ou simplesmente a não devoção.
Em continuidade, nas histórias de Noé e do Dilúvio as impressões de Deus estão ligadas às suas reações com relação à perversidade do povo. Sua ira não seria manifesta por falta de adoração e relacionamento, mas sim pela maldade, impiedade e perversidade do homem. Aquele Deus reagia com ira e poder mortífero à impiedade humana.
Nos contos sapienciais de Jó e partes dos salmos. Aparece um Deus retribuicionista. Seu humor, suas ações poderiam ser previstas a partir da prática humana. Sua ira sempre era resultado das ações pecaminosas, em contrapartida, sua benevolência ao ser humano era a congratulação por um ser piedoso, íntegro e correto.
Em meio a tudo isso, os profetas apregoam um Deus que julga mais importante à fidelidade a ele, manifesta em ações generosas aos pobres e desassistidos. Os sacrifícios no altar, os ritos cúlticos e até o mero cumprimento da lei não era tão importante, quanto o cuidado e atenção aos que necessitam e são oprimidos.
Mas esta imagem muito presente em Oséias, Zacarias e outras não conseguiu subjugar a primeira imagem do Deus que não deixa impune o pecador, mas exalta o justo. Este retrato formou a cultura israelita e perdurou por muito tempo, tendo seu colapso nos tempos pós-exílicos. Afinal, o povo de Israel já havia pagado seu pecado com os exílios. Esdras já havia convocado seu povo a uma santificação e uma reforma religiosa profunda, mas, as benesses divinas não vieram. O povo foi espalhado, obrigado a se misturar a cultura grega que chegara com força, homogeneizando cada vez mais o mundo antigo e trazendo outra forma de exílio aos que se firmaram como remanescentes fiéis à doutrina israelita, sua língua, seu templo, sua lei.
A última imagem é exposta no texto bíblico como expressão exata de Deus. Em suas próprias palavras ele afirma que só faz o que pai o enviou a fazer, e que todos que o vissem estavam vendo a Deus. Este é Jesus. O auto-retrato de Deus à humanidade. Este que se interessa por nós, entregou sua vida por amor à humanidade, vivendo e dando-nos o padrão de humanidade a ser seguido, ao mesmo tempo em que revelada o caráter de Deus. Este mostrou que o verdadeiro culto não é expresso em um determinado lugar, ou com determinada roupa, classe, prática, pose ou nada do gênero, mas sim, algo feito do espírito interno do homem e com a lealdade que este exige.
Este auto-retrato nos revela grandes e maravilhosas coisas de Deus. O grande problema é que ele vem ao encontro de muitos daqueles retratos anteriores de Deus. Retratos que já estavam consolidados na mente, no coração e na tradição dos homens. Muitos não quiseram ver este retrato, mas preferiram ficar com os anteriores: perspectivas humanas e formadas por contextos socioculturais e religiosos também. Ainda hoje, muitos assim o fazem. É preciso entender as dificuldades de termos um texto formado por diversas culturas, tradições e contextos sociais e religiosos. Cada um com seu modo de ver, entender e se relacionar com Deus. Mas que devem todos estes passar pelo crivo da vida e obra de Cristo, para que possam se sustentar como pauta: autêntica e merecedora de crença e prática para relacionamento com nosso Deus.

É preciso cuidado, as imagens nos tentam a uma idolatria disfarçada e podem nos encaminhar em caminhos que não levam a Deus, mas sim, ao próprio homem, seus desejos, suas carências e seus bezerros de ouro.

Naquele que nos Um,
Joaze Lima, Pr.