domingo, 29 de dezembro de 2013

escolham hoje a quem irão servir [...] Eu, e minha casa, serviremos ao Senhor” Js. 24.15

                Este versículo complementa um texto que inicia no versículo 1. Josué reúne todas as tribos de Israel em Siquém, para lhes lembrar de algumas coisas. Sua fala inicia em tom de lembrança, querendo trazer a memória do povo de Israel alguns feitos de Deus no seu povo, através de seu povo e pelo seu povo. Desde Abraão, as terras de Esaú e de Jacó até a história mais próxima que foi a libertação do povo do Egito e o grande livramento pelo deserto até a terra de Canaã onde eles já estavam desfrutando.  Em toda esta fala Josué lembrava à eles, que foi o Senhor Deus que havia agido no meio deles, protegido, livrado, feito milagres e os presenteado com uma terra que eles não compravam e com cidades que eles não haviam construído.
                No versículo 14 Josué mostra a finalidade de toda esta história recontada para eles. A idéia de Josué inspirada por Deus, era suscitar no povo a consagração, a obediência e a não idolatria, em contra partida, orientar o povo a servir com integridade (inteireza) e fidelidade (lealdade).
                Estamos chegando ao final do ano, e com certeza você também pode lembrar de muitas coisas que passou neste ano. Com certeza Deus proveu para você sustento, lhe ajudou com sua família, lhe encaminhou em seu trabalho, o protegeu e fez tantas coisas. Se não este tempo próprio, mas em sua história com certeza há ações de Deus em sua vida lhe protegendo, lhe guardando, salvando sua família, providenciando cura a seus entes etc. Etc. Etc. As ações de Deus em nossa vida vão de coisas simples como o acordar de hoje, até coisas e situações que entitulamos como grandes problemas e dificuldades e quando Deus age, os chamamos de milagres. “Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso, estamos alegres”. (Sl 126.3
                Porém, acredito que em muitas situações não estamos distantes do povo de Israel. Mesmo com tantas ações de Deus na vida deles eles continuaram com idolos dentro de casa. Tinham trazido em sua caminhada, em seu coração os bezerros de ouro e também deuses estrangeiros e a estes também serviam. Será que nós não temos também sido idólatras? Será que alguns deuses tem achado abrigo em nossas vidas, casas, famílias, corações e práticas.
                Talvez não tenhamos como eles deuses de prata, de ouro ou estrangeiros em imagens e pedras em nossas casas, mas tem alguns deuses que sorrateiramente podem entrar em nossas vidas e ganhar o foco de nossas posturas. Vale a pena, parar para pensar, analisar, observar e consagrar nossas vidas, casas e famílias a Deus. Tirar a idolatria, os deuses estrangeiros e  nos consagrar.
                Tudo aquilo que toma o lugar de Deus em nossas vidas é um ídolo. Jesus fala que onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração. Alguns deuses se configuram nestes dias que vivemos: tempo, dinheiro, prazer, um deus comprável refém de minha vida espiritual; um deus vingador; nosso Eu, nosso jeito e tudo mais...
                Escolhamos então a quem vamos servir... é importante dizer que na caminhada com Deus, é quase que impossível não sermos tentados a cair em uma dessas idolatrias. Precisamos então repensar e escolher a quem vamos servir. Josué fez uma escolha que nós precisamos também fazer...”Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. Esse Senhor não o conhecemos com nossos olhos, não temos domínio sobre ele, não conseguimos por nossas práticas força-lo a nos abençoar nem muito menos convence-lo de algo. E sim diante dele nos curvamos, pedimos sua presença e sua benção e confiamos nele, mesmo que achemos que ele não nos responde. Ídolos tem uma característica muito interessante, normalmente não palpáveis, compráveis e voluveis às nossas ações, ritos e tudo mais que fazemos para sermos abençoados.

                Nosso Senhor nos ama e nos trata com amor, sabe o que é melhor para nós e nos encaminha para uma vida ao lado dele.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Amar até perdoar

J. B. Libanio
Faculdade D. Hélder – 10 de julho de 2009

Amar pertence ao vocabulário diário falado. Mais dificilmente praticado. Verbo presente nos lábios, menos no coração. Realidade sentida, menos realizada. Onde encontrar em grau maior a prática do amor? Certamente na pessoa de Jesus Cristo que morreu amando e perdoando. 
Santo Agostinho com genialidade viu o amor como força construtora da pessoa humana. “Somos o que amamos”. E von Balthasar acrescentou: “Só o amor é digno de fé” e outro ainda ajuntou: “o amor faz eternidade, quer eternidade, é eternidade”. 
Amar se define por um movimento de sair de si para o outro. Amarrados que somos em nós mesmos, temos dificuldade desse êxodo. Vem-nos em auxílio o próprio Deus que semeia em nós sua graça, qual fonte propulsora de amor. Aí sim, saímos levados pela dinâmica de Deus e o amor flui com pureza e beleza.
Jesus sabia da facilidade com que nos enganamos no amor. Deu-nos uma pedra de toque para testá-lo. Chama-se perdão. Amar ao extremo implica perdoar. Perdão remete-nos à experiência fundamental do amor que é dom. Perdão vem do latim per+donum, um dom levado à perfeição. Assim acontece com amar, doar. Se nosso gesto de amor-doação atinge o grau mais sublime, traduzimos tal realidade acrescentando o afixo per. Temos então per+doar, per+dom. Portanto, perdoar é amar-doar-se em plenitude. Mas como? A plenitude do amor se realiza na vida. Perdoar significa amar a ponto de restituir à vida a quem nos ofendeu. Toda ofensa, em grau menor ou maior, atenta contra a vida. O outro está aí vivo, feliz e, pelo ataque ou agressão, alguém lhe fere a vida. Quem o faz está morto por dentro. Desejar o mal a alguém mata primeiro quem o deseja e só depois a quem o atinge.
O amor-perdão restabelece a ordem de vida. Digo a quem me ofendeu, me desejou à morte, ao morrer ele mesmo interiormente: amo-o a ponto de perdoá-lo, de conceder-lhe a vida e recupero-a para mim. Quem ama e perdoa e quem é amado e perdoado saem verdadeiros, inteiros, humanos depois desse gesto.
A ofensa e o perdão acontecem em diversos níveis. Experimentamos o perdão entre nós humanos, como sinal visível de nossa capacidade criativa. O interior da família oferece o espaço primeiro do perdão. E muitas vezes extremamente difícil. Que digam os esposos ou esposas traídos, os filhos ou filhas rejeitados, os irmãos disputando o terreno do afeto ou as heranças dos pais. Aí também se dão perdões generosos e comoventes.
As instituições também ferem as pessoas. E elas encarnam-se em seus representantes principais. Daí a necessidade de que eles manifestem o perdão em nome dos que antes dele ou na sua gestão feriram as pessoas. 
João Paulo II não quis entrar no novo milênio sem reconciliar a Igreja católica com a história. Ela na pessoa de seus mais altos dignitários e na massa de seus fiéis perpetrou crimes que a mancharam. Inquisição, escravatura, meios coercitivos de evangelização, censura, tortura, cruzadas sangrentas, desrespeito a direitos fundamentais da pessoa humana e especialmente da mulher ecoam em nosso coração de católicos como acusações históricas reais. Diante dessas manchas escuras, o Papa pediu, diante do mundo e de Deus, várias vezes, perdão em nome da Igreja. 
No início da Quaresma de 2000, quis marcar tal atitude com gesto simbólico expressivo. Reuniu-se na Basílica de São Pedro com cardeais de peso da Cúria Romana, espécie de seu ministério de governo, diante de enorme crucifixo. Fez desfilar vários cardeais e arcebispos concelebrantes, pronunciando cada um deles um pedido de perdão pelos pecados próprios de seu dicastério. Resumiu o ato na consigna: “Perdoemos e peçamos perdão”. Se uma instituição de tanta credibilidade desceu de seu pedestal para pôr-se no banco do réu à espera do perdão de Deus e da história, a humanidade seria outra, se nações e governos criminosos imitassem tal gesto em vez de desacreditar tribunais internacionais que lhes sancionam os delitos. Circulou na imprensa uma carta do Cardeal Law, de Boston, nos EUA, em que ele confessava os crimes de seu país como a fonte da odiosidade que ele sofre. Para ele só uma atitude de pedido de perdão reconciliaria seu país com a humanidade e não o uso da força bruta. 
O perdão reconstrói o amor interior, o amor na família e entre os povos. E essa reconciliação pela mediação da Igreja se torna sacramento da reconciliação com Deus, o último elo e o mais importante do perdão. Perdoados por Deus e transformados interiormente por tal graça, nascemos de novo.
Que vivamos o pedido insistente de Jesus no Pai Nosso: “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem ofendemos”. E que esse pedido da Oração do Senhor ressoe no nosso interior como expressão do amor.

quarta-feira, 6 de março de 2013

De sorte que a nossa vida é uma construção de oportunidades e possibilidades, destas e daquelas vamos incorporando experiências que formam nosso ser e caráter. Além do mais, nos é dado chances mil de escolhas que podem mudar nosso rumo ou estado que estamos vivendo. A vida entra pela janela de nossos sentidos, assim como a brisa da manhã invade a casa! Cabe a todos nós catalisarmos esse sopro de vida para viver, viver mais, viver melhor e fazer da vida de outros à nossa volta uma vida que valha a pena viver!
De frente aos acontecimentos, vale a pena pensar sobre a vida e o que faço com ela...
Em tudo que ouço, vejo, escuto, leio e faço quero a vida que há em Deus...
A vida é um BEM, que pode escorrer de entre os dedos!

sábado, 19 de janeiro de 2013


Há exatos 2 anos, Deus nos presentava com nosso Mateus. Nasceu grandão, brancão e comilão! Com o passar dos dias tivemos o privilégio de sermos completamente alterados em nossa rotina, valores, prioridades etc. com a graça e brilho de nosso Filho! Aprendemos a lidar com refluxo, cólicas, febres, fraldas... Aprendemos a rir de pequenas coisas novas, novas expressões, novos olhares, novas reações etc. Desde então, todas as descobertas nos dá a sensação do novo entrando em nossas vidas. As afirmações: "pai"; "dá"; "não"; "é minha"; "irigui"; "mamãe"; "dedé"; "vovó" e etc foram chegando e quase todas elas sem ensinarmos!
Com uma personalidade forte e um carinho e apego estonteante, nosso filho cresce!
Hoje Celebramos seu aniversário, rodeados e amigos e familiares, e com o sentimento de que faltaram muitos amigos e parentes ainda!

Deus, ensina-me a contar os segundos com meu filho. Que seja todos eles eternos, profundos, marcantes e duradouros. Que em meu olhar ele sempre tenha carinho, amor, parceria, educação, referência e se possível orgulho!
Surpreendente é a palavra que dou para este momento!
Plena Gratidão é o sentimento que tenho agora!
Devoção é o que quero lhe oferecer!
Obrigado é o que tenho a dizer.
Obrigado!

Parabéns meu filho!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Deixa eu viver a boa nova!



Ouvindo e pensando sobre a letra desta música da banda Palavrantiga, fiquei atônito com a simples afirmação: Deixa eu viver a Boa Nova!
Parece tão óbvio, parece tão simples e comum... ao final vi que só parece!
A Boa Nova (Evangelho) que nos chegou por Jesus (Mc. 1.1) em sua vida e em sua mensagem é tão Nova, e tão diferente que precisava ser fragmentada em pequenas doses, a ponto de poder ser por nós digerida!
Nos escritos dos evangelistas, vamos ver estas porções de Boa Nova, sendo derramadas no povo e no contexto da palestina e só podendo ser descrita pelos milagres fantásticos que ela realizava. Dentre estes os mais poderosos, era o rompimento da maldição da religião para com os pobres, doentes, e malditos de qualquer espécie.
O brilho do evangelho se alastrava a ponto de Jesus não poder mais andar ou ficar no meio das pessoas, precisava de barcos e falava neles nas praias.

Um amor que rompe todas as separações naturais e sobrenaturais para se materializar e encanar em um rosto, em pegadas, em toques e em palavras... Não dá para esconder!
É Tão diferente, tão extravagante, tão louco que nos é preciso fé para sentir, viver e compartilhar deste Evangelho!
Na primeira vez que formos atribulados por uma tempestade (Mc. 6.45...) vamos nos sentir sozinhos! Mais ele está lá! A Boa Nova está lá... para aqueles que crerem e terem bom ânimo para continuar a caminhar e remar!

Deixa eu viver a boa nova, digo para mim mesmo, que incansavelmente me submeto as opressões e limitações da minha mente e credulidade...
Deixa eu viver a boa nova, digo para mim mesmo, quando não consigo experimentar de paz e descanso dessa boa nova...
Deixa eu viver a boa nova, digo para todos aqueles, que de alguma maneira tentam me enclausurar em suas estruturas mesquinhas e opressoras...
Deixa eu viver a boa nova, digo para todos aqueles, que há minha volta mantém o discurso e a dinâmica de um sistema manipulador, opressor, corrupto, malicioso e que detesta o pensar!
Deixa eu viver a boa nova. Ela veio para os que estavam cansados e oprimidos, àqueles que sem pai, ansiavam pela chance de chamar: Pai Nosso.
Deixa eu viver a boa nova. A graça que me alcança também me dá condições de levá-la aos que cruzam o meu caminho e sem esperança já caminham a mendigar!

Deixa eu viver a boa nova!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Entre o Convento e o Mundo

Houve na história cristã um grande momento quando os cristãos criaram os monastérios, o primeiro foi criado por um monge chamado Bento de Núrsia.
O princípio era a partir de um pensamento muito interessante: o tempo dedicado à busca de Deus em orações e leitura da palavra e a separação do "mundo" materializado nas cidades, proporcionaria um ambiente perfeito para uma vida ungida e separada para glória de Deus. O entendimento era de que assim se poderia ouvir melhor a voz de Deus e por assim ser, servir melhor, se santificar com mais propriedade.
Possivelmente, foi a partir daqui que as cidades, ajuntamento de pessoas nas praças, ou lugares que não fossem templos, começaram a ser rotulados de mundanos, profanos e sem presença de Deus. Ao contrário, lugares distantes a estes, ou diferentes destes eram sagrados 'per si' e por assim dizer, eram santos e consagrados, capazes de fazer com os que estivessem ali fossem santos já por estarem ali, terem as roupas dali, falarem o linguajar do monastério e o corte de cabelo do monastério. Entre o convento (monastério) e o mundo estava fixado as determinações de presença e não presença do sagrado, do santo, e da santidade.
É interessante perceber que muitos anos antes disso, o nome pelo qual o cristianismo se sustenta, afirmou com ênfase e repetições que não é que se come, ou como se come, que nos torna puros (Mat. 15.18-20). Também fez distinções entre vestuários e posturas de santidade e oração, como o fariseu e o publicano no templo, ou simplesmente nos ensinamentos sobre a oração Mat. 6.
Quando em sua morte e ressurreição o véu do templo se rasga, as separações entre sagrado e profano se esvaem e não se tem mais condições de rotular puramente no lugar, na roupa, ou coisas do tipo o que é por si, sagrado e profano.

Entre o convento e o mundo o que realmente vale é a disposição do coração e a busca aplicada a viver no seguimento de Jesus, levando em conta seus ensinamentos e buscando com o obediência sua palavra e exemplo. Afinal, como afirma assertivamente Dietrich Bonhoeffer no seu livro Discipulado: "o obediente é o que realmente crê".
A partir disto, podemos estar dentro de conventos, igrejas, templos e rodas de conversas com palavreados santos: " A paz do Senhor Varão" e outros. Mas, se com nosso coração estamos distantes disso ou simplesmente desobedientes em características simples do evangelho, este estar não significa necessariamente a presença de Deus, manifestação dele ou qualquer tipo de santidade.
Pensemos bem, se nosso coração, mente e disposição estão voltados realmente ao Senhor e se nossa prática demonstra a obediência e crença na palavra e pessoa de Cristo.
O convento e o mundo não vão fazer muita diferença...
Pensemos..