quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Quando Eu sou o Ladrão!

"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância". João 10:10


Quando Eu sou o Ladrão! 
Esse foi o tema de minha palavra domingo passado em nossa Igreja. O desejo foi olhar este texto tão conhecido com outras perspectivas, e uma delas foi nos colocando no lugar do ladrão.
Originalmente este texto é uma crítica ao sistema religioso da época de Jesus, em contrapartida, com o bom pastor que acabara de chegar.
A outra perspectiva pela qual desejei analisar este texto foi me colocando no lugar do Ladrão. Me perceber como alguém que por qualquer motivação acaba sendo agente de morte, destruição e roubo da minha própria vida e ou de pessoas que estão à minha volta. Das motivações elenquei apenas 3 com as quais desenvolvi o pensamento, são elas: o Utilitarismo, o Egoísmo e a Auto-Suficiência.
De domingo para cá venho percebendo como essas coisas estão entranhadas em nosso cotidiano, e são praticamente imperceptíveis, silenciosas e comuns. Posturas como a auto-suficiência, situação pela qual, me vejo como alguém que pode fazer qualquer coisa, e que só dependo de propriamente de mim estão 24h ativas em meu pensamento, sentimento e agir. O homem contemporâneo é alguém que precisa se afirmar como "aquele que faz, que realiza, que dá conta", senão, a própria sociedade o exclui. Em uma estrutura assim, depender de Deus é algo complicadíssimo.
Me perceber como alguém que crê em um Pai (Abba) que é Nosso, que tem um Reino que é nosso, está entre nós, aparece entre nós, e surge de dentro de mim com destino no outro, também é uma loucura. "Do que estamos falando? Eu preciso me virar sozinho, eu preciso cuidar da minha vida, e que cada um cuide da sua!"
Não temos tempo, estrutura, nem condições de ficar ajudando, somando, contribuindo nem sentindo a vida alheia como se fosse nossa...
Sobre o Utilitarismo nem precisa falar, preciso fazer coisas que vão me beneficiar de alguma forma, tudo fora disso é categoricamente insano em nossos dias!

O único detalhe em tudo isso, é que essas posturas, características e detalhes presentes em nossas vidas, são  terrivelmente destruidoras de uma vida a dois, em comunidade, ou simplesmente de nossa vida com Deus, e um Deus que quer se relacionar conosco, e são ser acionado quando preciso dele!
Me torno ladrão de minha própria vida, dos bens pessoais, relacionais e até materiais que me são concedidos. ISSO SEM falar de minha vida com Deus. Com essas posturas é impossível ter vida com Deus. Tudo que vou querer é um Deus a meu serviço, uma religião que garanta A vitória e de pessoas que vivam para mim e estejam a meu dispor!

Em contrapartida a tudo isso, Deus nos enviou seu filho para que aprendêssemos o que é o Amor! Para que pudéssemos ter noção do que é relacionamento, com amor, com perdão, com confiança, entrega e dedicação.
Jesus veio, para nos trazer a vida eterna que recebemos com a confiança e entrega de nosso coração à ele... mais veio também para que tivéssemos vida aqui, e vida com Abundância! Vida com plenitude, vida que estivesse longe de sinais de morte, falta de esperança, falta de amor, falta de dedicação, falta de relacionamentos sadios.
Jesus veio! A vida entrou na história humana, se fez carne, se fez exemplo e hoje nos dá a possibilidade de pela crença e seguimento dele, experimentar a vida, amor e relacionamento de Deus para nós!
Deixemos nossos ladrões presos, e passemos a dedicar nossa vida e seguimento a Jesus que nos possibilita uma Vida com plenitude!

Grande Abraço

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ação e Reação

É fato que toda ação provoca uma reação. Também ninguém discute que essa dinâmica de ação e reação está a todo momento ocorrendo em nossas vidas. Até aqui tudo bem!
Mais há algo que precisa ser observado, e que também precisa ser repensado. 
A forma como reagimos as ações que chegam até nós devem ser pensadas, analisadas, refletidas e principalmente 'oradas' (no tocante a uma oração antes da ação).
Lendo o livro de I Samuel, não me dei conta do número de ações e reações relatadas no texto, até a última história contada. Olhando agora de trás para frente. O grande brilho na pessoa de Davi, eram suas reações e não ações. O número de vezes em que ele reagiu assertivamente é enorme, e parece que o autor do texto realmente quis chamar atenção para este dado. As perseguições de Saul, as situações adversas no deserto, as humilhantes fugas para terras e povos estranhos à Davi, e em todas as circunstâncias Davi reage muito bem!
No capítulo 30, Davi volta para sua cidade Ziclague e sua região Neguebe, e percebe que havia sido invadida e sua cidade incendiada. Percebe também a falta de suas esposas e famílias, que haviam sido levadas prisioneiras... Façamos um exercício e pensemos como reagiríamos? Bem, se você se acha uma pessoa normal, provavelmente reagiria como eu, entrando em desespero, reclamando, e tentaria tomar uma atitude rápida de perseguir os que haviam levado a sua família. Davi, NÃO! A reação dele é chorar amargamente, ficar angustiado (pois queriam apedrejá-lo, por achar que a culpa era dele) e o mais importante, no vs. 6 diz: "Davi, porém, fortaleceu-se no Senhor, o seu Deus".
Realmente Davi chorou, realmente ficou angustiado. Mais não saiu igual doido, tentando resolver o problema sozinho ou coisa do gênero. Antes, se fortalece em Deus. O texto não diz, mas parece que a reação maior dele é chorar aos pés do Senhor, e pedir para que Deus o fortaleça e o restabeleça. Experimentar Deus na adversidade não é vê-lo resolver o problema com um passe de mágica, mas conseguir sentír seu conforto e sua força lhe capacitando e fortalecendo.
A última reação de Davi, é ainda mais interessante.  No vs. 8 ele pergunta para Deus: "devo ir atrás deles, eu vou alcança-los?" A resposta de Deus é Sim, vá... Você vai alcançar e libertar a todos.
O final da história você já deve imaginar! O interessante é ver uma pergunta a Deus, que é bem provável que eu não fizesse... E se Deus responde? Não! Você não alcança mais!...
Fica então para pensarmos e analisarmos em nossas reações. Até para as coisas mais óbvias e simples Deus precisa estar presente e participante. Isso nos ajuda a evitar reações desastrosas que não resolveriam o problema, e nos deixariam mais angustiados e inquietos!

Que Deus tenha misericórdia de nós! E que possamos colocá-lo como meio de nossas reações!
Grande Abraço,

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cristãos do tempo e do Templo

Há muito, muito tempo atrás, Deus era conhecido, sabido e sentido por aqueles que tinham acesso ao templo. Nesse tempo, os que tinham acesso ao templo, eram pessoas de uma classe familiar específica e separada para o serviço de adoração a Deus e intercessão pelo povo. Estes adentravam ao “Santo dos Santos” o lugar onde Deus estava e manifestava ali seu poder, sua glória e presença, levando a Deus sacrifícios na esperança do perdão dos pecados. A sensação e a certeza, é que Deus tinha endereço, tinha forma, tinha gostos e também poderia ter desgostos. Mas se em algo faltassem, levariam para a presença de Deus sacrifícios que apagassem aquela dívida.

Há muito tempo atrás, toda a vida espiritual ainda estava voltada para dentro do templo. Lá era o lugar de aprender e cultuar, adorar e comprar o que precisasse para sacrificar.  Aqueles que intercediam tinham se multiplicado, e era possível através de um câmbio para a moeda eclesiástica comprar sua oferenda e ali mesmo prestar sacrifício e adoração. Ainda naquele tempo, Deus estava no templo, separado de todos pelo véu que significava e demonstrava a separação entre sagrado e profano, entre Deus e o povo. Neste tempo, Jesus Cristo adentrou a esse templo quebrando, chutando e destruindo toda a infraestrutura mercadológica eclesiástica, dizendo que ali (templo) era uma casa de oração, não um covil de ladrões.

Naquele tempo, não entenderam muito bem essas afirmações de Jesus, que parecia sim, estar meio desorientado e em um péssimo dia. Aqueles homens estavam só ajudando àqueles que não sabiam como orar, precisando de ajuda para expurgar tantos pecados. Afinal, Deus estava ali, e eles sabiam como agradá-lo.

Pouco Tempo depois, este Jesus foi crucificado e disse que tudo estava consumado, o tempo estava acabado, e que deixaria um ‘outro’ consolador da parte de Deus para os homens, e que habitaria dentro dos homens. Na mesma hora, o véu, aquele da separação se rasgou. Parece então, que a ideia de Jesus é que não haveria mais separação, Deus estaria com os homens todo o tempo, e que o templo seria nosso coração, nosso corpo.

Desde aquele tempo, o povo não entendeu bem estas mudanças. Para ser mais correto, alguns bem no comecinho da igreja ainda tentaram, mas logo começaram a separar mulheres gregas das mulheres judias, outros afirmavam que: as pessoas de Deus precisavam ainda circuncidar-se ou pelo menos ser de descendência judaica. Ou seja, ainda estavam usando o véu e separando sagrado e profano,  judeus (que tem Deus) e o resto, lugar onde Deus estava (Templo) e o resto do mundo (lugar de satanás e do pecado).

É, no tempo de hoje a história ainda continua assim. Os cristãos contemporâneos ainda estão ligados ao Tempo de Deus (Domingo, alguns também na quarta ou sábado), dias e horários de se buscar a Deus, se apresentar com louvores sacrificiais confessando pecados, em meio a um mantra expurgatório. O cotidiano, o resto dos dias, é hora de viver normalmente, afinal, tem-se o tempo para Deus.

No tempo para Deus, há também o Templo para Deus. É lá que Deus está, é lá que se deve adorar. É pra lá que coloco as roupas de ver Deus, a cara de ver Deus, as palavras de ver Deus. Afinal, Deus está no templo e é tempo de adorar e sacrificar reconhecendo minha vida paralela de segunda à sexta.

É bom aproveitar o tempo que ainda se tem, para pensar se é isso mesmo que Jesus queria dizer quando afirmou: “...Ele procura adoradores. E os verdadeiros adoradores, adoram o pai em Espírito e em Verdade(lealdade e fidelidade)” João 4.23-24 (grifo nosso).

Deixar então de ser Cristãos do tempo e do Templo, para ser Cristãos que no tempo, e em TODO, fazem resplandecer a presença de Deus em cada um deles. Afinal, o mesmo Jesus disse que seria possível reconhecer seus discípulos.
O tempo é Agora!