quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cristãos do tempo e do Templo

Há muito, muito tempo atrás, Deus era conhecido, sabido e sentido por aqueles que tinham acesso ao templo. Nesse tempo, os que tinham acesso ao templo, eram pessoas de uma classe familiar específica e separada para o serviço de adoração a Deus e intercessão pelo povo. Estes adentravam ao “Santo dos Santos” o lugar onde Deus estava e manifestava ali seu poder, sua glória e presença, levando a Deus sacrifícios na esperança do perdão dos pecados. A sensação e a certeza, é que Deus tinha endereço, tinha forma, tinha gostos e também poderia ter desgostos. Mas se em algo faltassem, levariam para a presença de Deus sacrifícios que apagassem aquela dívida.

Há muito tempo atrás, toda a vida espiritual ainda estava voltada para dentro do templo. Lá era o lugar de aprender e cultuar, adorar e comprar o que precisasse para sacrificar.  Aqueles que intercediam tinham se multiplicado, e era possível através de um câmbio para a moeda eclesiástica comprar sua oferenda e ali mesmo prestar sacrifício e adoração. Ainda naquele tempo, Deus estava no templo, separado de todos pelo véu que significava e demonstrava a separação entre sagrado e profano, entre Deus e o povo. Neste tempo, Jesus Cristo adentrou a esse templo quebrando, chutando e destruindo toda a infraestrutura mercadológica eclesiástica, dizendo que ali (templo) era uma casa de oração, não um covil de ladrões.

Naquele tempo, não entenderam muito bem essas afirmações de Jesus, que parecia sim, estar meio desorientado e em um péssimo dia. Aqueles homens estavam só ajudando àqueles que não sabiam como orar, precisando de ajuda para expurgar tantos pecados. Afinal, Deus estava ali, e eles sabiam como agradá-lo.

Pouco Tempo depois, este Jesus foi crucificado e disse que tudo estava consumado, o tempo estava acabado, e que deixaria um ‘outro’ consolador da parte de Deus para os homens, e que habitaria dentro dos homens. Na mesma hora, o véu, aquele da separação se rasgou. Parece então, que a ideia de Jesus é que não haveria mais separação, Deus estaria com os homens todo o tempo, e que o templo seria nosso coração, nosso corpo.

Desde aquele tempo, o povo não entendeu bem estas mudanças. Para ser mais correto, alguns bem no comecinho da igreja ainda tentaram, mas logo começaram a separar mulheres gregas das mulheres judias, outros afirmavam que: as pessoas de Deus precisavam ainda circuncidar-se ou pelo menos ser de descendência judaica. Ou seja, ainda estavam usando o véu e separando sagrado e profano,  judeus (que tem Deus) e o resto, lugar onde Deus estava (Templo) e o resto do mundo (lugar de satanás e do pecado).

É, no tempo de hoje a história ainda continua assim. Os cristãos contemporâneos ainda estão ligados ao Tempo de Deus (Domingo, alguns também na quarta ou sábado), dias e horários de se buscar a Deus, se apresentar com louvores sacrificiais confessando pecados, em meio a um mantra expurgatório. O cotidiano, o resto dos dias, é hora de viver normalmente, afinal, tem-se o tempo para Deus.

No tempo para Deus, há também o Templo para Deus. É lá que Deus está, é lá que se deve adorar. É pra lá que coloco as roupas de ver Deus, a cara de ver Deus, as palavras de ver Deus. Afinal, Deus está no templo e é tempo de adorar e sacrificar reconhecendo minha vida paralela de segunda à sexta.

É bom aproveitar o tempo que ainda se tem, para pensar se é isso mesmo que Jesus queria dizer quando afirmou: “...Ele procura adoradores. E os verdadeiros adoradores, adoram o pai em Espírito e em Verdade(lealdade e fidelidade)” João 4.23-24 (grifo nosso).

Deixar então de ser Cristãos do tempo e do Templo, para ser Cristãos que no tempo, e em TODO, fazem resplandecer a presença de Deus em cada um deles. Afinal, o mesmo Jesus disse que seria possível reconhecer seus discípulos.
O tempo é Agora!